A tentativa do Banco de Brasília (BRB) de comprar o Banco Master não passou pelo crivo do Banco Central (BC). A diretoria colegiada da instituição negou o pedido de forma unânime, apontando “falta de viabilidade econômico-financeira” no projeto apresentado.
O negócio, anunciado em março deste ano, previa que o BRB — controlado majoritariamente pelo Governo do Distrito Federal — compraria 58% do capital total do Master, incluindo 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais.
Em setembro, mais de cinco meses após o anúncio, o Banco Central colocou um ponto final na operação. Segundo o órgão, os documentos entregues pelas instituições não foram suficientes para comprovar a sustentabilidade financeira do acordo. A decisão foi tomada sem divergências entre os diretores do BC, que avaliaram o caso sob sigilo.
Antes disso, o processo já havia passado por outras instâncias: o Cade deu aval em junho, e a Câmara Legislativa do DF aprovou em tempo recorde uma lei autorizando a compra — medida defendida pelo governador Ibaneis Rocha, entusiasta da transação.
Apesar do sinal verde político e jurídico, a última palavra cabia ao Banco Central, que não se convenceu. O parecer apontou dúvidas sobre a estrutura econômica da compra e sobre a capacidade financeira dos controladores.
O BC, no entanto, não divulgou o parecer completo, alegando que o material contém informações protegidas por sigilo bancário e empresarial, como dados contábeis e estratégicos das instituições envolvidas.
“O Banco Central analisa exatamente essas informações sigilosas para verificar o cumprimento das exigências de capacidade econômico-financeira e viabilidade do empreendimento”, justificou o órgão.
A decisão encerra — pelo menos por enquanto — uma das movimentações mais ambiciosas do setor financeiro local, que vinha sendo acompanhada de perto pelo mercado devido ao perfil de risco das operações do Banco Master.





