No Distrito Federal, a dor de quem espera por notícias de um familiar ou amigo que sumiu tem se tornado rotina: em 2024, foram registradas 2.227 ocorrências de desaparecimento — uma média de seis pessoas por dia.
Apesar do número alarmante, a quase totalidade dos casos (2.201) se encerrou com a pessoa sendo localizada, o que revela ao mesmo tempo a gravidade e a eficiência de um sistema de buscas.
Entre os episódios, o caso de Pascoal Oliveira Ramos, de 70 anos, mexeu profundamente com a capital: desaparecido desde abril, foi encontrado morto meses depois, enterrado no quintal de sua própria chácara no Entorno — crime confessado por Pedro Henrique Caitano Gomes.
Para o porta-voz da Polícia Civil do Distrito Federal, delegado Lúcio Valente, o alerta é claro: “quando houver uma quebra de padrão e a pessoa não aparecer, imediatamente tome providência”.
A “quebra de padrão”, segundo ele, pode ser tão simples como o trabalhador que desacostumadamente não chega em casa na hora usual ou deixa de visitar os mesmos locais de rotina.
O que chama atenção também é a articulação operacional: graças à integração entre as forças de segurança e ao uso de grupos de comunicação ágeis, como WhatsApp, o DF alcançou taxa de localização próxima de 100% entre 2019 e 2024.
Ainda assim, o desespero familiar encontra-se com um outro perigo: golpes que imitam o desaparecimento de pessoas pedindo dinheiro ou oferecendo “informações” falsas. O alerta vai para evitar publicações com dados pessoais e abordagens precipitadas nas redes sociais.
A realidade do DF deixa evidente: mais seis desaparecimentos por dia, mais famílias angustiadas, mais investigações em andamento. Mas também mostra que, quando a estrutura funciona, pode salvar vidas — e aliviar um pouco da dor silenciosa de quem espera.





