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Hotel Nacional de Brasília passa por ampla reforma, mas preserva essência modernista

O projeto original, assinado pelo arquiteto Nauro Jorge Esteves — o mesmo responsável pelo Palácio do Buriti e pelo Conjunto Nacional — será preservado em sua essência

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Um dos maiores símbolos da capital federal, o Hotel Nacional de Brasília inicia, nesta segunda-feira (27), uma ampla reforma estrutural e estética. O objetivo é modernizar os ambientes sem apagar a história que transformou o prédio em um ícone da arquitetura modernista.

O projeto original, assinado pelo arquiteto Nauro Jorge Esteves — o mesmo responsável pelo Palácio do Buriti e pelo Conjunto Nacional — será preservado em sua essência. As linhas e formas que marcaram o edifício, inaugurado ainda nos primeiros anos de Brasília, continuarão como referência central da nova proposta.

De acordo com a arquiteta Patricia Anastassiadis, uma das responsáveis pelo novo projeto, a intervenção foi pensada para equilibrar modernização e memória. “Nosso início é sempre a história — e a do Hotel Nacional é muito rica em detalhes. Buscamos atualizar esse ícone com cuidado, sem tentar reproduzir o passado, mas trazendo sua relevância para o presente”, destacou.

A reforma será conduzida por dois escritórios: Anastassiadis Arquitetos, que cuidará dos interiores, decoração e acabamentos; e Dávila Arquitetura, responsável pela parte estrutural. A entrega da obra está prevista para 21 de abril de 2028, data simbólica para a capital federal.

A fachada do edifício não será alterada. O revestimento externo, inclusive, será feito com o mesmo tipo de cerâmica e mármore usados no projeto original. O lobby também voltará à posição de origem — de frente para o Eixo Monumental — após ter sido deslocado em reformas anteriores.

O número de pavimentos será mantido, mas a quantidade de quartos passará de 347 para 300, adequando-se às normas atuais de acessibilidade.

Os andares inferiores receberão novas áreas de lazer e conveniência, incluindo restaurante, café, bar, spa, academia e piscina. O térreo contará com um espaço em homenagem ao histórico Bar Senadinho, ponto de encontro de políticos nos anos 1960, e o rooftop abrigará um bar panorâmico com vista privilegiada de Brasília.

A tradicional suíte da Rainha Elizabeth II, onde a monarca britânica e o príncipe Philip se hospedaram em 1968, será restaurada, mas deixará de ser a principal suíte presidencial. O hotel contará com duas novas suítes de alto padrão nas extremidades do edifício.

Outro destaque é o museu interno, que vai reunir obras de arte, esculturas e quadros originais catalogados durante o período em que o prédio esteve fechado.

O Hotel Nacional foi leiloado em 2018 por R$ 93 milhões e arrematado pela empresa Incorp. O processo de desapropriação foi concluído apenas em 2020, após decisão judicial. Desde então, os novos proprietários vêm discutindo o projeto de reforma com o Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (Conplan) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Durante as décadas de 1970 e 1980, o hotel foi palco de grandes eventos e ponto de encontro de políticos, artistas e celebridades. Por seus salões já passaram nomes como Jimmy Carter, Ronald Reagan, Charles De Gaulle, Indira Gandhi, Roberto Carlos, John Travolta, Catherine Deneuve e Fernanda Montenegro.

A rainha Elizabeth II foi uma das hóspedes mais ilustres. Sua passagem pelo hotel ficou registrada em uma placa ainda preservada no térreo, onde, curiosamente, a palavra “majestade” foi grafada com “g”.

Com a revitalização, o Hotel Nacional volta a ocupar o papel de protagonista no cenário urbano de Brasília. A proposta é que o espaço combine luxo, cultura e memória, mantendo viva a identidade modernista que marcou sua história desde a inauguração.

Com informações da Secretaria de Comunicação do DF, Incorp e Iphan.

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